Todos conhecemos alguém assim: aquela pessoa que interrompe conversas em grupo, corta nossa fala no meio de uma história ou, pior ainda, muda de assunto sem aviso. Esse tipo de comportamento pode gerar desconforto, já que, quando não nos sentimos ouvidos, o relacionamento pode começar a se desgastar. Interrupções constantes, especialmente vindas da mesma pessoa, podem ser percebidas como uma forma de desrespeito. Isso cria uma sensação de invasão do espaço pessoal e frustra o processo de comunicação, pois impede que ideias sejam concluídas.

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Maria Venetis, professora associada de comunicação da Universidade Rutgers, explicou ao The New York Times que esse tipo de comportamento pode soar degradante e condescendente. “Isso nos irrita porque implica que nossas ideias ou nossa participação não têm valor”, afirmou. Não por acaso, segundo uma pesquisa de Susan RoAne, autora do livro What Do I Say Next?, a interrupção é um dos três principais motivos que levam ao fim de uma conversa.

Mas o que leva alguém a interromper? Os motivos vão além da simples falta de educação ou traços narcisistas. Segundo a psicologia, esse hábito pode estar relacionado a uma variedade de fatores, que vão desde padrões familiares até questões neurológicas.

1. Necessidade de Controle

Para algumas pessoas, interromper é uma forma de lidar com a impaciência. Elas podem sentir que a conversa não está seguindo o rumo esperado ou que está se desenvolvendo de forma lenta demais. Em muitos casos, têm objetivos definidos e usam a interrupção como uma estratégia para assumir o controle da situação e direcioná-la conforme seus interesses.

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2. Padrões de Comunicação Familiar

O hábito de interromper pode ter raízes na infância. Em algumas famílias, esse é um padrão comum de interação, o que faz com que, na vida adulta, a pessoa veja isso como algo natural. Embora não seja uma justificativa, esse comportamento automático pode parecer inofensivo para quem o pratica, sem a percepção do impacto negativo sobre o interlocutor. Para essas pessoas, interromper pode até ser visto como uma forma de manter a conversa animada.

3. TDAH e Falta de Autocontrole

Pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) costumam ter dificuldade em controlar impulsos verbais. A Dra. Sharon Saline explica que isso se deve a desafios com a memória de trabalho e a metacognição. “Elas podem interromper porque não confiam que lembrarão o que querem dizer mais tarde”, afirma.

O especialista em TDAH Russell Barkley complementa, destacando que esses sintomas estão ligados a déficits na função executiva do cérebro, responsável por regular comportamentos, controlar impulsos e planejar ações. Pessoas com TDAH têm dificuldade em filtrar estímulos irrelevantes — inclusive seus próprios pensamentos —, o que faz com que sua atenção se desvie facilmente durante uma conversa.

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4. Falta de Habilidades de Escuta Ativa

Carl Rogers, um dos principais nomes da psicologia humanista, defendia que a escuta ativa envolve suspender julgamentos e se envolver genuinamente na experiência do outro. No entanto, quem carece dessa habilidade costuma focar mais em preparar mentalmente sua próxima fala do que em ouvir de fato o que está sendo dito. Isso gera impaciência e leva à interrupção.

5. Excesso de Entusiasmo

Nem sempre a interrupção é motivada por impaciência ou descaso. Em alguns casos, ela surge do entusiasmo genuíno. A psicóloga Barbara Fredrickson, em suas pesquisas sobre comunicação emocional, observou que emoções positivas, como o entusiasmo, ampliam a atenção e incentivam uma resposta rápida.

Como apontam especialistas da VeryWellMind, pessoas muito empolgadas podem interromper porque estão tão animadas com o assunto que não conseguem esperar até o final para compartilhar seus próprios pensamentos. Embora bem-intencionado, esse impulso pode prejudicar o fluxo natural da conversa.

6. Diferenças de Gênero

Curiosamente, a questão de gênero também influencia o comportamento de interromper. Um estudo da Universidade George Washington revelou que homens interrompem mulheres 33% mais do que interrompem outros homens.

Joanna Wolfe, pesquisadora da Universidade Carnegie Mellon, destaca que “homens têm mais probabilidade de fazer interrupções intrusivas que silenciam outros oradores, enquanto as mulheres são mais frequentemente o alvo dessas interrupções”. Essa dinâmica reflete padrões sociais e culturais que moldam o modo como nos comunicamos.

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Conclusão

Interromper conversas pode ter várias origens: traços de personalidade, questões neurológicas, hábitos familiares, entusiasmo excessivo ou até fatores socioculturais. Independentemente do motivo, é importante estar atento a esse comportamento, pois ele afeta a qualidade das relações e o respeito mútuo. Desenvolver habilidades de escuta ativa e autocontrole pode ser o primeiro passo para melhorar a comunicação e fortalecer os vínculos interpessoais.

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Conhece muitas pessoas com esse tipo de hábito?