Ministério Público abre investigação contra Hytalo Santos; entenda

Segundo informações do portal Leo Dias, o influenciador digital paraibano Hytalo Santos passou a responder a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho da 13ª Região. A iniciativa do MPT decorre de uma investigação que vai além das fronteiras da legislação trabalhista e aponta possíveis crimes de natureza mais grave, envolvendo tanto o influenciador quanto suas empresas.

• Origem da ação: indícios de trabalho infantil e outras violações

Em dezembro de 2024, o Ministério Público da Paraíba abriu uma investigação sobre o influenciador Hytalo Santos por acusação de exploração de menores. Hytalo faz muito sucesso com vídeos ao lado de crianças e adolescentes, a maioria deles menores de idade, que ele chama de “filhos”, dançando e cantando funk, se beijando e falando sobre relacionamentos entre eles. O MP apura se estes conteúdos têm teor sexualizado que ferem o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente). Hytalo nega as acusações.

Hytalo Santos — Foto: rep/ instagram

A ação tem como base a Portaria de Instauração de Inquérito Civil formalizada em 10 de fevereiro de 2025, após a conversão de uma Notícia de Fato que havia sido apresentada semanas antes. Inicialmente, o objetivo era apurar suspeitas de exploração de trabalho infantil, incluindo atividades artísticas e sinais de possível abuso sexual. Com o avanço das investigações, o Ministério Público ampliou o foco para apurar um conjunto mais amplo de irregularidades.

• Alvos da investigação

Entre os investigados estão o próprio Hytalo José dos Santos e sua empresa Hytalo Santos YouTuber LTDA, além de pessoas próximas como o seu marido, Israel Natan Vicente (Euro), e a empresa pertencente a ele, Euro Influencer LTDA. Os nomes constam em documentos oficiais do Ministério Público do Trabalho, que apontam possíveis infrações à legislação trabalhista e condutas que podem ter repercussões penais.

Euro e Hytalo Santos – Foto: Reprodução

• Postagens deletadas e a ‘Turma do Hytalo’

Segundo o portal LeoDias, a ação foi ajuizada após análise de denúncias formais e de provas públicas reunidas nos últimos meses. Um dos elementos decisivos foi o conteúdo de publicações antigas nas redes sociais de Hytalo – posteriormente apagadas – que promoviam a chamada ‘Turma do Hytalo’. O grupo era formado por crianças e adolescentes que apareciam em vídeos monetizados, sem contrato ou autorização legal para atividades artísticas infantis.

Turma de Hytalo Santos – Foto: Reprodução

• Pressão política

O caso ganhou força após declarações da vereadora de João Pessoa, Eliza Virgínia (PP), que solicitou investigação contra o influenciador. Segundo a parlamentar, os vídeos promoviam palavrões, piadas com conotação sexual e atitudes impróprias para menores. Ela também mencionou supostos abusos de autoridade, assédio e exploração infantil em suas representações formais ao Ministério Público.

Eliza Virgínia na Assembleia Legislativa da Paraíba – Foto: RGuedes

• Ex-funcionários relatam assédio e jornadas ilegais

Paralelamente, ex-funcionários de Hytalo Santos moveram ações trabalhistas cobrando mais de R$ 700 mil em indenizações. Eles relatam casos de assédio moral e sexual, além do não pagamento de direitos básicos. Um dos relatos mais graves aponta que os trabalhadores eram forçados a dormir em espaços improvisados e submetidos a jornadas ilegais, sob ameaças de exposição pública e retaliações profissionais.

• Estratégia do MPT mira toda a estrutura empresarial

Com a nova ação, o Ministério Público do Trabalho busca responsabilizar apenas Hytalo, mas toda a rede jurídica e operacional que sustenta sua atuação nas redes sociais. A estratégia do órgão é enquadrar os envolvidos tanto na esfera cível quanto em possíveis crimes contra a dignidade humana e a infância, com base na Constituição, no Estatuto da Criança e do Adolescente e em tratados internacionais ratificados pelo Brasil.

• Críticas públicas e a gravidez de uma adolescente da ‘Turma’

Apesar da fama, o influenciador passou a enfrentar críticas após vídeos publicados por Izabelly Vidal, também influenciadora, questionarem a convivência de Hytalo com os adolescentes sob seu cuidado. A situação ganhou novos contornos com a revelação da gravidez de Kamyla (17 anos) com Hyago Santos, irmão de Hytalo. Dias após o anúncio, o influenciador comunicou que a jovem havia sofrido um aborto. A partir desse episódio, surgiram relatos de que outras adolescentes próximas também estariam grávidas.

Hytalo Santos e suas ‘filhas’ — Foto: Instagram

• Convocações e retificação de nomes

Em 16 de maio, o MPT expediu as primeiras notificações formais, convocando Hytalo e representantes de suas empresas a prestar esclarecimentos. A medida marcou o início da fase de contraditório e ampla defesa. Poucos dias depois, em 22 de maio, a lista de investigados foi retificada para incluir ou corrigir nomes que, segundo os autos, deveriam constar como alvos formais da ação. A atualização buscava garantir precisão jurídica e responsabilização de todos os envolvidos.

• Adolescente da ‘Turma’ falta à audiência

No dia 24 de maio, um fato considerado relevante chamou atenção dos investigadores: Kamyla não compareceu a uma audiência previamente marcada. A ausência foi formalizada nos autos e é vista como um possível obstáculo à elucidação das denúncias. O depoimento da menor era considerado estratégico, já que o grupo de crianças e adolescentes aparecia com frequência nos conteúdos do influenciador, muitas vezes sem contrato ou autorização formal.

Kamylinha e Hytalo Santos – Foto: Reprodução

• Caso Izabelly Vidal

Em maio de 2025, Izabelly fez vídeos sobre a investigação a respeito de Hytalo Santos. Na ocasião, ela questinou os conteúdos dele com adolescentes e cobrou resultados das investigações. Uma das pessoas que Izabelly diz ter procurado para ajudar a cobrar providências sobre a investigação é Leiniel Borel, vereador do Rio envolvido na causa dos direitos das crianças e adolescentes.

No dia 1º de junho, Izabelly disse que um dos assessores do vereador Leniel Borel prometeu ajudá-la e, durante um encontro para falar sobre o assunto, abusou sexualmente dela. O assessor não foi identificado. O vereador disse que ele foi afastado e cobrou investigação sobre o caso. Além disso, a influenciadora relatou que estaria sendo perseguida.

Influenciadora Izabelly Vidal denunciou um assessor do vereador Leniel Borel. — Foto: Reprodução/Instagram

Defesa de Hytalo Santos se manifesta

“A assessoria jurídica de Hytalo Santos vem esclarecer que está contribuindo ativamente para os procedimentos em andamento, apresentando toda documentação solicitada pelos órgãos responsáveis. Desde o início, tem sido adotada uma postura transparente e colaborativa, reafirmando o cumprimento da legislação vigente.

Reiteramos que as denúncias que embasam os procedimentos que apuram suposta ‘exploração de trabalho infantil’ são inverídicas. E que a alegação de assédio moral e sexual sequer são objetos de apuração pelo Ministério Público do Trabalho, mas de ações trabalhistas ajuizados por prestadores de serviços, as quais tramitam sob sigilo, e que já estão sendo contestadas e esclarecidas, e que a única sentença judicial até o presente, foi favorável ao Influenciador, pois afastou as informações falsas e difamatórias que foram veiculadas contra sua honra.

Confiamos no trabalho dos órgãos de controle, e reforçamos nosso total interesse no esclarecimento dos fatos veiculados, reiterando o compromisso com a verdade, com o devido processo legal e com a preservação da integridade moral e profissional de todos os envolvidos, tendo em vista que as relações pessoais e profissionais do Sr. Hytalo Santos são pautadas em respeito, ética, legalidade e responsabilidade”.

Confira a seguir: [VÍDEO] Apresentadora no SBT, Virginia é detonada no ‘Fofocalizando’: “Fazendo a gente de palhaço”.

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