O humorista Leo Lins se pronunciou pela primeira vez sobre sua condenação a oito anos de prisão, motivada por piadas consideradas criminosas. A declaração foi feita durante uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube, acompanhada por mais de 25 mil espectadores. Durante a live, ele fez questão de defender sua atuação artística, argumentando que no palco interpreta uma persona cômica e que seus textos não devem ser analisados de forma literal.

“Um comediante encarna um personagem no palco. O que é dito ali é fruto de uma construção artística, não uma manifestação pessoal direta”, afirmou Lins, ressaltando a diferença entre sua identidade artística e sua pessoa real, Leonardo de Lima Borges Lins, seu nome de registro civil.

Durante a transmissão, o comediante também criticou abertamente a decisão da juíza responsável pela sentença. Ele leu um trecho da justificativa apresentada por ela, que afirmava: “Apesar de haver texto, edição, cenário, figurino e estar em um palco, parece-nos não se tratar de um personagem, mas sim da pessoa a proferir discursos.” Em resposta, Lins usou uma analogia para ilustrar o que considera uma distorção de interpretação: “É como se eu mostrasse a cabeça de um jacaré, o corpo de um jacaré e o rabo de um jacaré, e a pessoa insistisse em dizer que é um camelo. Nesse ponto, não há mais como argumentar. Não importa o que eu mostre ou diga, a decisão já está tomada.”

Outro ponto criticado por ele foi a alegação da magistrada de que, embora o espetáculo tenha acontecido em um teatro, ele foi posteriormente publicado no YouTube, o que estenderia sua repercussão. Lins ironizou a lógica do argumento: “Então, a partir de agora, se eu assistir a um filme de romance e houver uma cena mais íntima entre os personagens, posso processar os atores por atentado ao pudor? Afinal, aquilo deixou de acontecer apenas no estúdio e passou a acontecer na minha sala.”

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Para o humorista, essa forma de raciocínio representa uma “limitação cognitiva grave e preocupante”. Segundo ele, a juíza afirmou ainda que, mesmo se tratando de uma performance artística, poderia haver crime. Lins contestou: “Se isso for levado adiante, abre-se precedente para prender uma atriz que interpreta uma vilã de novela ou um ator que vive um assassino em um filme. É uma interpretação extremamente perigosa.”

Ele também comentou sobre a possibilidade de suas piadas inspirarem ações criminosas. “Não posso afirmar que isso nunca aconteceria. Mas, se acontecer, que o responsável por cometer o ato responda por ele. Não se pode proibir uma obra artística inteira por causa da má interpretação ou atitude de um indivíduo. É como culpar o criador de um jogo por uma agressão cometida por quem jogou. É nivelar a sociedade pelo idiota. E é isso que estamos fazendo”, concluiu.

Leo Lins finalizou o pronunciamento dizendo esperar que a classe artística e a sociedade em geral compreendam a gravidade da situação e os riscos que ela representa para a liberdade artística no país. Confira o pronunciamento completo:

Veja a seguir: Veja as piadas polêmicas que fizeram Leo Lins ser condenado à prisão

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