Na manhã desta quarta-feira (20), equipes da Polícia Civil do Distrito Federal executaram ações que resultaram na realização de dois mandados de prisão preventiva e dezesseis mandados de busca e apreensão contra membros de uma organização suspeita de cometer crimes como estelionato e outros delitos em todo o Distrito Federal e em quase todas as unidades da federação. Segundo os investigadores, esse esquema fraudulento pode ser classificado como um dos maiores já identificados no país, dado que o grupo, que inclui numerosos líderes religiosos, é acusado de prejudicar mais de 50 mil vítimas em todo o território nacional.
Nesta quarta-feira, uma operação denominada “Falso Profeta” mobilizou 100 policiais que realizaram buscas em endereços no Distrito Federal e em quatro estados: Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. A ação também incluiu o bloqueio de valores, restrições nas redes sociais e proibição do uso de mídias digitais pelos suspeitos. Um dos principais alvos da operação é Osório José Lopes Júnior, apontado como líder do grupo e foragido, que se apresenta nas redes sociais como pastor. Ele foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo e Goiás no ano passado.
Segundo a PCDF, o grupo movimentou mais de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos e utilizou cerca de quarenta empresas “fantasmas” e de fachada e mais de oitocentas contas bancárias suspeitas para forjar o esquema.
As investigações indicam que as vítimas, tanto no Brasil quanto no exterior, foram persuadidas a investir dinheiro com a promessa de receber quantias milionárias no futuro. A polícia descobriu, por exemplo, que os criminosos asseguravam um retorno de “um octilhão de reais” mediante um depósito mínimo de apenas R$ 25. Outras vítimas eram convencidas de que receberiam “350 bilhões de centilhões de euros” ao completar um investimento de R$ 2 mil.
Em dezembro, um dos suspeitos de participação no esquema foi detido pela polícia em Brasília. Naquela ocasião, ele utilizou um documento falso em uma agência bancária na tentativa de aparentar ter um crédito de aproximadamente R$ 17 bilhões. Paulo Roberto Salomão, preso em flagrante, foi identificado pelos investigadores como “o principal influenciador digital” da quadrilha. Surpreendentemente, o grupo prosseguiu com suas atividades fraudulentas mesmo após essa prisão.
Quadrilha de 200 integrantes, incluindo lideranças evangélicas
Os membros do grupo persuadiam suas vítimas a realizar investimentos por meio de enganosas interações nas redes sociais, como YouTube, Telegram, Instagram, WhatsApp, entre outras. Eles exploravam a fé e as crenças religiosas das pessoas, fazendo referência a uma teoria conspiratória conhecida como “Nesara Gesara”, que alegava uma suposta transformação na economia global, prometendo ganhos substanciais com investimentos mínimos.
A investigação policial revelou que a maioria das vítimas pertencia à comunidade evangélica e era persuadida a investir suas economias em operações financeiras falsas ou projetos fictícios de cunho humanitário. Em troca, eram prometidos retornos financeiros imediatos com lucros extraordinários. A investigação, que teve início há um ano, constatou que o grupo criminoso é composto por aproximadamente 200 membros, incluindo dezenas de líderes evangélicos que se autodenominam pastores.
Os investigadores destacaram que o grupo utilizava empresas fictícias como fachada, simulando serem instituições financeiras digitais, incluindo falsos bancos, com declarações de capital elevado. As vítimas eram iludidas ao acreditar que receberiam dinheiro por meio dessas supostas instituições. Para dar uma aparência de legitimidade às suas operações fraudulentas, o grupo elaborava contratos falsos com as vítimas, nos quais prometiam a liberação de quantias extraordinárias provenientes de títulos de investimento inexistentes.
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