No encantado universo da Disney, onde os sonhos se transformam em realidade, um padrão tem intrigado muitos observadores: a notável prevalência de princesas que são órfãs ou enfrentam a ausência materna. Este fenômeno, denominado como a “Síndrome da Mãe Ausente”, transcende a superfície das narrativas encantadas, adentrando as raízes da construção dos personagens de maneira mais profunda do que inicialmente percebido.

Foto: Walt Disney Studios / Adoro Cinema

A síndrome em questão aborda a carência da presença física ou emocional dos pais durante a infância, acarretando consequências impactantes. Conforme observado por Iosune Mendia, psicóloga especializada em crianças e adolescentes, essa ausência emocional deixa um rastro de abandono que afeta diretamente o desenvolvimento emocional, físico e mental dos indivíduos em formação. Na narrativa da Disney, esta realidade se manifesta de maneira pungente nas tramas das princesas, moldando suas jornadas.

Princesas órfãs desde 1937

Desde o clássico “Branca de Neve e os Sete Anões”, lançado em 1937, as princesas da Disney compartilham uma conexão surpreendente: a condição de órfãs ou a ausência materna. Por que a Disney opta por esse padrão narrativo recorrente? Don Hahn, o produtor de “Malévola”, esclarece que essa escolha está, em grande parte, ligada a considerações práticas. Com filmes que geralmente têm uma duração de 80 a 90 minutos, a Disney procura imergir rapidamente os personagens em conflitos que impulsionam seu crescimento. Hahn explica: “Portanto, é mais rápido ter personagens que crescem quando você os separa dos pais. Bella só tem um pai, então quando ele for embora, ela deverá tomar o lugar dele. É uma questão de encurtar a história.”

Cena de ‘Branca de Neve e os Sete Anões’ (1937) – Reprodução/ Disney

Contexto emocional na trama

A ausência de afeto e atenção parental exerce um profundo impacto nos personagens, gerando narrativas repletas de desafios e uma busca constante por aprovação. Princesas como Cinderela, Branca de Neve, Ariel e Jasmine ilustram esse fenômeno, enfrentando madrastas malvadas, perdas maternas ou carência emocional.

O reflexo desta “Síndrome da Mãe Ausente” nos filmes da Disney também suscita reflexões sobre a sociedade. Por que essas histórias continuam a cativar e ressoar tão intensamente com o público? A decisão da Disney em explorar a ausência parental abre um diálogo sobre a relevância da família na construção da identidade e na superação das adversidades.

A Pequena Sereia (Foto: Disney)

A “Síndrome da Mãe Ausente” transcende a conveniência narrativa; ela espelha a complexidade emocional humana dentro do contexto mágico da Disney. As Princesas Órfãs servem como lembrete vívido da importância da conexão familiar e de como a superação de adversidades pode moldar personagens queridos. Embora essas histórias tenham desempenhado um papel crucial, a incerteza persiste quanto à direção que os filmes futuros da Disney seguirão: mantendo essa tradição familiar ou tendo narrativas novas e surpreendentes.

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