Existem vários mitos em torno do ato de engolir chiclete acidentalmente. Um dos mais comuns, frequentemente difundido na infância, é a ideia de que o chiclete permanece no corpo por mais de sete anos ou que pode “grudar” nos intestinos, o que não é verdade. Embora o chiclete não seja projetado para ser engolido como as balas, geralmente é eliminado nas fezes, praticamente intacto, dois ou três dias depois.
O tema voltou à discussão na internet no ano passado, após um menino de cinco anos ser levado a um pronto-socorro em Ohio, nos Estados Unidos, por ter engolido 40 chicletes. O conglomerado de goma de mascar preenchia cerca de 25% do estômago da criança e foi removido com a ajuda de um esofagoscópio. Esse incidente levantou a questão: engolir chiclete faz mal?
A resposta tem duas facetas: sim, pode ser prejudicial dependendo da quantidade, e não, não irá “colar as tripas”. Em uma entrevista ao portal R7, a gastroenterologista Karen Thalyne Pereira e Silva Domingos esclareceu dúvidas. “Em geral, engolir chiclete de forma acidental ou em pequena quantidade não causa danos ao corpo, pelo menos na maioria dos casos”, afirma a especialista.
De acordo com a profissional, quando ingerido moderadamente, a chance de algo mais sério acontecer é baixa porque o chiclete é composto por dois elementos. O primeiro é feito com açúcar, corantes, aromatizantes e conservantes, que conferem o sabor doce. O segundo é a goma-base, feita, por exemplo, com derivados do petróleo – é a massa sintética que a pessoa mastiga. “A primeira parte pode ser digerida, mas a segunda não”, explica.
“Assim, a maior parte do produto entra no organismo e sai intacta, sem ser digerida. Quando uma pequena quantidade de chiclete chega aos intestinos, não é capaz de prejudicar ou bloquear a região e é eliminada. No entanto, se essa massa tiver mais de 2 cm de diâmetro, “dificilmente será expelida do estômago e pode, de fato, ‘entupir’ o órgão”, relata a especialista.
Os chicletes não aderem às paredes do trato digestivo, como sugere o mito, pois se transformam em “massas duras como pedras”. No entanto, requerem remoção cirúrgica em caso de obstrução do órgão. Para determinar se a goma de mascar se acumulou de forma prejudicial, Karen observa que a pessoa pode se sentir saciada mesmo após uma refeição normal e pode apresentar náuseas, vômitos e dor.
“Em algumas situações, pode alterar o revestimento do trato gastrointestinal e causar sangramento digestivo, obstruir total ou parcialmente o estômago, o intestino delgado ou, raramente, o intestino grosso, resultando em cólicas abdominais, distensão, náuseas e vômitos”, afirma a médica.
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Já engoliu chiclete?