A estudante de medicina Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, está sendo investigada pela Polícia Civil, por suspeita de apropriação indébita após supostamente ter desviado R$ 920 mil do fundo de formandos da 106ª turma da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e por estelionato e lavagem de dinheiro, depois de tentar apostar, sem pagar, um total de R$ 891 mil em bilhetes da Lotofácil.

A Faculdade de Medicina da USP divulgou uma nota em que diz ter sido informada sobre a fraude contra seus alunos. “A Diretoria da Faculdade de Medicina foi informada que a Comissão de Formatura e, portanto, os alunos aderentes à formatura da Turma 106ª, foram vítimas de fraude após investimento do recurso arrecadado para organização das festividades de celebração, que ocorrerá ao final de 2023. Os fatos estão sendo apurados, buscando-se identificar os responsáveis pela fraude e a Diretoria está apoiando na orientação aos alunos envolvidos”.

Apostas

A lavagem de dinheiro vinha sendo apurada desde junho do ano passado, quando o dono de uma casa lotérica de 59 anos procurou uma delegacia em São Bernardo do Campo para registrar uma tentativa de golpe. De acordo com ele, na tarde de 12 de julho, Alicia foi à lotérica e encomendou R$ 891,5 mil em bilhetes da Lotofácil. Ela era cliente desde abril. A estudante fazia apostas altas, na casa dos R$ 10 mil, quase que diariamente. Deste modo, acabou fazendo amizade com os funcionários do estabelecimento.

Porém, os funcionários perceberam que ela queria pagar os R$ 891,5 mil com um Pix agendado, o que não é possível. Houve uma discussão, na versão que o dono da lotérica contou à polícia, e ela desistiu das apostas. Mas os funcionários já haviam apostado R$ 193 mil e Alicia teria levado os bilhetes sem pagar.

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Golpe de Formatura

Em paralelo ao caso da lotérica, que não era de conhecimento dos alunos da Faculdade de Medicina, Alice estava participando da Comissão de Formatura de uma das turmas da USP. Em setembro, ela teria participado da decisão de pegar o dinheiro arrecadado, R$ 920 mil, e aplicar em uma gestora de investimentos. Mas, em 6 de janeiro, a estudante enviou uma mensagem aos colegas dizendo que o dinheiro da formatura havia se perdido.

Segundo o depoimento dos estudantes, Alice disse que a gestora de investimentos escolhida havia aplicado um golpe na turma: “Estou escrevendo para dizer que não temos dinheiro. Uma investidora que no final das contas, não se passava de um grande golpe e nunca retornou nem com o dinheiro”, escreveu. Uma das suspeitas, segundo uma das vítimas, é que ela tenha desviado para si o dinheiro, fingindo um golpe e que seu objetivo original era simular apostas na loteria para justificar como o dinheiro havia sido gasto.

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O que diz a comissão de formatura

A Associação de Formatura da 106a Turma do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo informa que, no dia 6 de janeiro de 2023, teve conhecimento de que a então Presidente desta comissão retirou, sem o conhecimento e consentimento de qualquer outro membro da comissão, um montante totalizando aproximadamente 927.000,00 reais. A atitude isolada não representa moral e eticamente a postura dos demais membros desta Comissão e os mais de 110 alunos aderidos, vítimas dessa conduta.

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Ressalta-se o entendimento desta comissão de que a [suspeita] descumpriu nosso Estatuto ao movimentar esse montante sem a assinatura de nenhum outro membro e transferindo-o a uma conta pessoal sua. Na data do 6 de janeiro de 2023 a Comissão da Turma 106 tomou conhecimento dos fatos por meio de uma mensagem de WhatsApp em que a [suspeita] confessava as transferências para uma conta pessoal sua. Ela alega ter perdido cerca de 800,000.00 reais investindo em um esquema supostamente fraudulento da empresa ‘Sentinel Bank’. O restante, confessa ter utilizado para, em cunho pessoal, contratar advogados para tentar reaver o dinheiro perdido. O montante de cerca de 927.000,00 foi arrecadado durante 4 anos pela empresa ÁS Formaturas”.

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Os alunos vão conseguir recuperar o dinheiro da formatura?

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